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Quando bulir não é “bullying”, NOVO artigo Claudemir Oliveira


Prezados Sonhadores,

Este novo artigo é talvez um dos meus favoritos. Quando me perguntam qual meu melhor artigo, em geral, eu digo que é o último que escrevi. Se insistem um pouquinho mais, então digo que é o próximo a ser escrito. Assim vivemos. Mas este tem um sabor muito especial. No nordeste querido, buliram comigo, mas eu nem sabia que existia “bullying” tão popular hoje. A forma como reagimos ao “bullying” é que faz ele quase não existir.

Uma ótima semana e se alguém bulir com você, siga em frente, não dê tanta atenção. “bullying” é como apelidos quando somos crianças. Quanto mais damos atenção, mas eles grudam na gente. Outro ponto que adoro no artigo é falar que precisamos ser autênticos e não termos medo de quem somos. Vivemos numa sociedade em que temos de ser parecidos com os outros, temos de gostar da música que o outro gosta e por aí vai. Neste caminho, acabamos perdendo nossa identidade. Termino o artigo dizendo o que sinto. Gosto de vocês do jeitinho que vocês são. Não precisam gostar do que gosto, não precisam falar do que gosto, não precisam frequentar o que frenquento, não precisam acreditar no que acredito… Gosto de vocês pelo que são, jamais pelo que “estão”. Em resumo, chamamos isso de respeito.

PS: Obrigado por continuar acreditando nos programas executivos de minha empresa. Os três continuam sendo bem vendidos e agradeço a todos.

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PSICOLOGIA POSITIVA

Claudemir Oliveira*

QUANDO BULIR NÃO É “BULLYING”

Feliz Ano Novo. Escrevo este artigo ainda em Dezembro, um mês de muita gratidão. Todos os dias, ao me levantar, agradeço por estar vivo, com saúde e perto de tantas pessoas que me amam. Hoje, em especial, não sei porque, voltei ao passado. Ao agradecer tudo o que tenho, acabei fazendo uma viagem no tempo. Lembrei que todas as conquistas vieram de sementes plantadas quando ainda era menino. Ao voltar no tempo, lembrei da cena, já descrita em artigos anteriores, de quando vi meus pais sofrendo por não poder pagar as contas no final do mês. Esta cena aconteceu quando eu tinha treze anos e ali mudei o rumo de minha história. Queria ajudar meus amados pais. Passei de menino a homem em segundos. A educação foi o caminho que encontrei. Ao refletir na gratidão que o estudo me tem dado ao longo destes anos, percebi que mesmo antes dos treze anos, já possuía algumas histórias que me trouxeram até aqui.

Todo começo de ano era motivo de festas porque meus pais me levavam para comprar os livros escolares. Realmente, não lembro de festas de Natal ou festas de aniversário. Também era motivo de alegria porque toda a economia de meus pais dava para comprar uma calça Topeca (jeans) e uma camisa de viscose vermelha. Usava durante todo o ano. Lembro-me, com carinho, de pedir a minha mãe para não lavar a calça porque o cheiro dela era algo inesquecível. Sinto até hoje, até neste momento que escrevo estas linhas. Hoje, posso comparar com aquele cheiro de couro de carro novo.

Sabonete Lux e Phebo

Também lembro que ao tomar banho naqueles lagos de água parada, sempre deixava sobre meu corpo um pouco da espuma do sabonete Lux. Não me enxugava por dois motivos: porque não tinha toalha e porque queria o cheiro ligado à minha pele. Era o perfume que realmente não tinha em casa. Anos depois, passei do Lux ao Phebo. Mas ainda sinto o cheiro dos dois e, não se assustem, me sinto feliz. Alguns amigos sempre me perguntam como tenho coragem de falar de coisas que, talvez, muitos não ousariam nem pensar. É simples. O meu passado é o alicerce do meu presente e negá-lo é negar tudo o que tenho, que possuo. Alguém pode me negar, mas eu não me nego. Aceitação é algo que muita gente precisa aprender para ser feliz.

Eu cresci no Nordeste ouvindo músicas que são chamadas até hoje de bregas e, ao ouvi-las, me sinto uma pessoa extremamente feliz. O que me deixa surpreso é quando uma música chamada brega é cantada por Caetano Veloso e passa, como num passe de mágica, a não ser mais brega. O que falta é coragem para admitir que somos únicos. Vivemos querendo ser o que não somos. Precisamos dizer que Tom Jobim e João Gilberto são maravilhosos para impressionar os outros com um gosto que não é nosso. Pois bem, o Claudemir não gosta de Tom Jobim e muito menos de João Gilberto. Mas o Claudemir respeita a importância destes homens para a música nacional. Aí está a diferença. RESPEITO.

Precisamos, então, abrir mais nossos corações e falar do que realmente somos, não o que querem que sejamos. Precisamos respeitar as pessoas independendo de suas religiões, raças e gostos. Quem sou eu para ousar dizer que a sua música é brega?  Que sou eu para te “obrigar” a ser do meu jeito, gostar da minha música? Quem sou eu para dizer que a igreja que você frequenta é inferior? Minha religião é aquela que busca o bem. Conheço ateus que fazem mais pelo ser humano que muitas beatas. Quem sou eu para não respeitar a sua diferença? Quem sou eu para ser arrogante quando sei que sete palmos embaixo da Terra me esperam um dia? Aqui minha semente de sonho para a humanidade: quando você se achar superior a outra pessoa, reflita sobre o fato que somos mortais (fisicamente falando). Não vale a pena termos narizes empinados perante os outros. Eles tendem a baixar com o tempo. Nem os mais arrogantes dos seres humanos resistirão, afinal, o último suspiro faz o nariz baixar de ricos, pobres, bonitos, feios, gordos, magros, negros, brancos… por que esperar até o suspiro final quando podemos baixá-los agora?

Uniforme escolar

Mas, voltemos à escola, à educação. Eu me lembro como hoje uma das cenas mais humilhantes de minha infância e, quando falo com meus irmãos, eles me dizem o mesmo. Como minha família não tinha como nos dar muitas roupas, o uniforme escolar acabava sendo a roupa mais usada durante o ano inteiro. Era de segunda a sexta na escola e, quando minha mãe ousava lavar minha calça Topeca, o uniforme acabava sendo usado nos finais de semana para ir à igreja ou mesmo a casa de algum amigo. Era comum não somente os risos sarcásticos de outras crianças, como também os comentários impiedosos de outros mais ousados. Eles me perguntavam se estava indo à escola e começavam a rir imediatamente. Sabiam, naturalmente, que não havia aulas em finais de semana. Engolia a seco e seguia meu caminho. Eles não sabiam o que faziam, para usar a frase mais sábia dAquele que nos deu o Natal como presente.

Bule tem asas

Estas histórias, pelo menos para mim, são motivos de orgulho, não de tristeza. São motivos de alegria hoje porque posso passar uma mensagem melhor as crianças do futuro. Foram estas histórias que me levantaram, em vez de me derrubarem. Enquanto muitas crianças e muitos pais de hoje usam a desculpa do “bullying” para justificar seu sofrimento e sua inércia perante à dificuldade, o Claudemir usava um outro tipo de “bule”. O bule do Claudemir tinha e tem tampa, asa e um bico. Claudemir sempre tirou a tampa para ver o céu infinito de possibilidades diante dos obstáculos; Claudemir usou e usa as asas para voar em busca de novos destinos e o bico era e é usado para gritar, como válvula de escape, pois ninguém é de ferro. Aqui, minha receita. Se seu bule começar a ferver, abra a tampa e pule fora, não morra como os sapos que ao se acomodar na água morna, se esqueçem que ela vai esquentar e ferver. Não é a água que mata; é o comodismo, é a ociosidade. Não se acomode diante da dor. Como dizia Winston Churchill, “quando estiver passando pelo inferno, não pare!”

Aliás, tanto a palavra inglesa “bullying” quanto “bulir” vem do mesmo verbo latino “bullire” que significa ferver. Vida é movimento, é ação. A vida é como um rio que não discute com pedras ou mesmo montanhas que aparecem pela frente. Simplesmente as contorna e segue em frente.

Começo 2012 falando do passado, nosso alicerce, para fortalecer meu futuro;  Todo fruto é consequência de uma semente do passado. Aqueles que sempre olham para frente se esquecem um pouco de onde vieram. O sabor e o valor do futuro é plantado no presente com um adubo chamado passado. É pelas experiências passadas que melhoramos as sementes do presente e do futuro. Valorize e sonhe com abundância, mas, se hoje, a vida lhe oferecer apenas migalhas, valorize-as como fartura. Transforme seus desejos em sonhos, pois estes não morrem. Muitos desejos ficam doentes na segunda-feira, entram em coma na quarta e morrem antes da sexta-feira. Não é por acaso que dei o nome de minha empresa “Sementes de Sonhos”. Teremos anos ESPETACULARES pela frente. Obrigado por sua inestimável leitura e saiba que eu gosto de você do jeitinho que você é.

      

*É presidente do Seeds of Dreams Institute, jornalista, pós-graduado em Marketing (ESPM) e Comunicação (ESPM), mestrado e doutorado em Psicoterapia (EUA), com foco em Psicologia Positiva. É membro vitalício da Harvard University e referência internacional em Psicologia Positiva. Vive em Orlando desde 2000. Contato:www.seedsofdreams.org