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Por que a “massa” não sabe fazer o “pão”?


PSICOLOGIA POSITIVA   

Claudemir Oliveira* 

    POR QUE A “MASSA” NÃO SABE FAZER O “PÃO”?

     Uso a palavra “massa” e “pão” apenas em sentido figurativo para representar uma analogia entre colaboradores e líderes. Interessante que neste exato momento que escrevo esta coluna, lembrei-me que há mais de vinte anos (quando ainda estava na faculdade de jornalismo) escrevi um artigo onde usei uma frase de Oswald de Andrade para expressar, na época, meu sonho de escrever no futuro: “A massa (leitores) ainda comerá do biscoito fino (artigos) que fabrico”.

Pondo a mão na massa

     A resposta para a pergunta do título desta coluna é simples: porque a grande maioria dos líderes não estão sabendo como colocar a mão na massa. Concentram-se, ainda, no lado negativo, quando a grande arte da liderança está, entre outras coisas, no reconhecimento dos pontos positivos das pessoas.

     Começo afirmando e generalizando que o ser humano é bom por natureza. Existem quatro fatores que devem ser explorados nessa afirmação: as pessoas são boas; as pessoas são más (mesmo assim, tem mais bondade que maldade); existem muito mais pessoas boas que más; e, finalmente, a decisão é sua em escolher o lado positivo ou negativo delas.

     Gostaria de elaborar um pouquinho mais essa visão. Primeiro, deixe-me mostrar os motivos pelos quais eu acredito tanto na bondade do ser humano. Vamos supor que tenho duas perguntas a fazer aos quase 7 bilhões de indivíduos que vivem nesse paraíso chamado Terra. Tudo o que necessito é um simples SIM ou NÃO como resposta. Vamos a primeira? Você gostaria de ver um mundo onde crianças não morressem de fome? Sim ou Não? Vamos a segunda: Você gostaria de ver um mundo sem guerra, um mundo onde inocentes não morressem?

Pensar, Falar e Fazer

     É minha crença que uma grande maioria responderá em alto e bom som SIM. Sim para um mundo melhor, sim para uma vida melhor, sim para uma vida mais justa.

     A minha próxima pergunta é complexa: se queremos um mundo melhor, se dizemos SIM para mudanças, então por que não estamos tendo sucesso nessa missão? Há várias formas de responder a essa questão, mas eu vou ser o mais simples e direto possível. O que falta é uma palavrinha muito importante em qualquer processo de mudança: AÇÃO. Isso mesmo! falta AÇÃO! Quase todos pensam na bondade, falam da bondade, mas quando chega o momento de aplicar o que se fala, as ações não se concretizam. Todo processo de criação envolve essas três coisas: pensar + falar + fazer. Somos exímios nas duas primeiras palavras e uma minoria consegue completar a equação. Existe uma explicação, claro. Fazer exige mais transpiração que inspiração. Só pensar (por pensar) e falar (por falar) é muito fácil. Fazer é o que move o mundo! A questão é como fazer isso acontecer, não é mesmo? E, segundo minha modesta teoria, isso se faz com AÇÃO, muita ação feita por milhões, bilhões de pessoas. A soma dessas “pequenas” ações determina o nosso futuro. Eu repeti, propositadamente, a palavra ação nesse parágrafo para deixar claro que ação é TUDO. O resto é conversa fiada.

     Minha análise não estaria completa se não mencionasse que o mundo e as empresas precisam de líderes para “desencadear” esse processo. São eles que irão levar a “massa” a fazer o “milagre”. A “massa” solta, sem rumo, não sabe fazer pão. E, então, você que é líder, que tal começar a pôr a mão na “massa”?

Epigenética: DNA e ambiente

     Até o momento, discuti as razões que me levam a acreditar no ser humano, na sua bondade. Agora, gostaria de comentar um pouco mais sobre o lado psicológico, genético e ambiental da questão. Por incrível que possa parecer, quase tudo está relacionado com hábitos. Quando conseguimos mudá-los, em casa ou na empresa, os resultados aparecem. Se você tiver alguma dúvida, pergunte ao senhor Albert Ellis, criador da Teoria Racional Cognitiva. Podemos mudar nossas crenças sobre fatos e como consequência mudar o final da história de forma positiva. Tudo depende de como vemos o mundo e, mais importante, como reagimos a ele. Muitas vezes, temos o poder de escolha, e quando não o temos é porque a vida, o maior dos professores, está querendo nos dar uma lição. Aceite-a, humildemente, meu prezado leitor! Lá na frente, você vai entender porque a vida e sábia!!!

     Aliás, falando nesse tema, a revista Time desta semana (edição de 18 de janeiro de 2010) tem como título de capa o seguinte: ”Por que o seu DNA não é o seu destino? – A nova ciência da epigenética revela como as escolhas que você faz podem mudar os genes e os genes de suas crianças”. Evidências científicas mostram que os genes não controlam os seres vivos e apresentam as fantásticas descobertas da epigenética, um novo campo da biologia que desvenda os mistérios de como o ambiente (natureza) pode influenciar o comportamento das células sem modificar o código genético. É uma nova face da ciência que revela mais detalhes sobre o complexo sistema e estrutura das doenças, incluindo o câncer e a esquizofrenia.

Transpiração e inspiração

     Entendo que não é fácil mudar tudo de uma hora para outra, mas como costumo dizer o homem que move montanhas é aquele que carrega pedrinha por pedrinha e essas pequenas ações fazem a grande diferença entre o que chamo de vencedor e perdedor. O mundo capitalista e imediatista está deixando o homem completamente paralisado. Como quer tudo agora, e pensando única e exclusivamente em dinheiro, ele não está disposto a carregar pedrinhas, pois leva muito tempo e o retorno não é imediato. Moral da história: fica invejando os que movem montanhas e ainda os chamam de “sortudos”. Sorte é o encontro da “preparação” com a “oportunidade”. Vocês já perceberam que os mais “sortudos” são os que mais suam, são os que mais trabalham? Acredito que foi Thomas Edson que disse que no processo de criação é 99% transpiração e 1% de inspiração. De novo, o meu ponto: fazer (transpirar) é fundamental. Chega de blá-blá-blá e “hein-hein-hein”… 

     É possível mudar? Absolutamente! Mas depende de cada um, depende de cada líder! E para colher resultados, tudo vai depender de como você mexe com a massa. Você precisa amar e querer tocar na massa! Em minhas palestras, digo sempre que existe uma regra que não tem exceção: as pessoas de sucesso são apaixonadas pelo que fazem, pelo que possuem. Você NUNCA vai ouvir alguém de sucesso dizer que odeia o que faz ou o que tem.

     Como o tema foi pão, termino essa coluna com pensamento positivo que o Haiti receba 7 bilhões de pães todos os dias. Isso mesmo, você só precisa doar um pãozinho por dia até que eles possam ter seu próprio sustento. É o milagre do pouco feito por muitos. Que a angústia das famílias seja amenizada pela ajuda comunitária mundial; que o sofrimento fortaleça cada um deles para trabalharem na reconstrução de seus lares e de suas vidas; finalmente, nós, que não fomos afetados por essa e tantas outras tragédias, possamos valorizar o conforto que temos e ajudar a quem precisa e sofre tanto. Psicologia positiva para todos e até março!

* É jornalista, pós-graduado em Marketing (ESPM) e Comunicação (ESPM), mestrado em Psicoterapia (Stetson University) e doutorando (Barry University) na mesma área com foco em Psicologia Positiva. Claudemir atende no Kratochvil Health Kare e The Welness Institute. Por favor, envie sua mensagem para seeds@seedsofdreams.org